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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ser, jaz sendo

Quero ser o seu assunto numa conversa particular, ou discussão
Quero ser a sua cela no teu momento de prisão
Quero ser a sua algema, me prender em tuas mãos
Quero seu a sua alegria no teu momento de solidão
Quero ser o seu prato de comida no teu momento de alimentação
Quero ser a sua viagem no teu momento de alienação
Quero ser o seu querer no teu momento de decidir.

Amor em verso e prosa

Adentre minhas manhãs
Tome meu café
Repouse sobre meu leito
Faça o que quiser

Nasça em minha tarde
Resplandeça até bronzear
Vagueie por minha noite
Meu açoite de matar

Madruga nos meus poros
que minha pele arrepia
Tatua a tua voz entre meus pelos
Selos, beijos de alegria

Assanhe minha música
Minha poesia
Cuspa no meu ódio
no meu ócio
por não tê-lo todo dia

Não quero fazer magia, orgia
ou qualquer outra coisa que envolva minha rosa
Quero fazer amor diverso
não o inverso
dum amor em verso e prosa

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não me tirem os olhos!

Não me tirem os olhos!

Podem até de mim tirar mãos e dedos, braços e ombros.
Só peço que não tirem de mim os meus olhos mesmos que doridos, mesmo que as cortinas de minha retina se fechem, mesmo que cores embacem e até mesmo os meus cílios tão amados cílios que trazem a feminilidade.

Tirem, podem tirar minhas pernas, joelhos, coxas, seios, bicos, cheiros, pintas, fala, língua e o que mais eu tiver de serventia!
Só não me tirem eles, os olhos, pois através deles posso mostrar ao mundo o que grita meu coração.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tratado

Na parede da memória
pendurei o teu retrato
e com trato nossa história assinei nosso contrato.
Eu jurei que jamais revelaria outro amor
Mais os zooms de meus olhos por outro se encantou
Eu o fotografei nas retinas com um fundo azul-imensidão
Você estava pregado na parede da memória e não emoldurado em meu coração.

Quarto de mim

‎Seu coração é uma casa onde me habito,
me abrigo,
me aqueço,
me reabilito.
Me cozinhas,
me serve, faz sala.
Um imóvel que me deixa imóvel
destelhada,
desintegrada,
desalmada...
Bate essa porta
me tranca
do lado de dentro ou fora de ti.

Não conheces um quarto de mim.

sábado, 3 de dezembro de 2011

1,2...

Mulher que é mulher entorpece, incendeia, enlouquece
alucina, extermina e deixa com um gosto no canto da boca.
Mulher que é mulher tira graça do sério e dá ao bobo seriedade
Dá e retribui e faz do menino homem de verdade.
Mulher que é mulher se garante, se produz, se pinta e se despe
Não larga o osso ou larga de vez que não precisa contar até três.

Uma puta canonizada

Ah, coitada da virgem como eu!
Do coração cristão e o corpo ateu.
Que entre cultos e vielas se perdeu.
Que entre delírios e orações se corrompeu e roga sem cessar pelo perdão do seu Deus.
Entre o vertical e o horizontal. Extinto animal que é só seu.
Entre a poesia e a prosa
Entre a castidade e a pressa
Entre o orgasmo numa rua deserta
Entre encontros e desencontros em vida
Uma vez caçando e noutra sendo a comida.
Aquela que se finge de santa e desapercebida
que morre de vontade e tanto
que renega.
Que arde, relincha, que inflama porém não se entrega
Sexo, Suor, Mansidão
quais dessas palavras tem medo?
Luta com o desejo, trepa consigo e mantém seu segredo.